6/30/2010

A ÚLTIMA VEZ DO ARREAR DA BANDEIRA PORTUGUESA EM MANSOA

“Fui eu quem arriou a nossa bandeira”



Fiz parte do último batalhão a partir e a regressar da Guiné. Assisti ao fim da guerra e a um acidente que me marcou para sempre: um camarada morreu com um disparo acidental.


Fui para o Ultramar como furriel miliciano de Operações Especiais (Ranger) e pertenci à Companhia de Comandos e Serviços do Batalhão de Caçadores 4612/74, o último que partiu para a Guiné e o último que de lá saiu, em Outubro de 1974. Antes estive nas Caldas da Rainha, Lamego, Évora, Tomar e Santa Margarida. Parti do Aeroporto de Lisboa para Bissalanca, com destino ao quartel de Cumeré, seguindo-se Mansoa e Brá. Este contingente foi substituir o Batalhão de Caçadores 4612/72, que se encontrava a prestar serviço há 22 meses, na região de Mansoa, tendo registado seis mortos – quatro em combate e dois em acidentes.


A nossa última missão foi assegurar a evacuação do dispositivo militar que se encontrava estacionado na Guiné (cerca de 27 mil homens) e testemunhar alguns factos históricos, como o da entrega do aquartelamento ao PAIGC, que incluiu uma muito concorrida e festejada cerimónia oficial do último arriar da Bandeira Nacional e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau, que representou o nascimento de uma nova nação e simbolizou, ao mesmo tempo, a entrega da soberania política e económica do território.


Outro facto histórico que presenciei foi o episódio mais pungente na minha vida militar e civil até aos dias de hoje e que me traumatizou para o resto da vida, aconteceu também no quartel de Mansoa, num triste dia de Agosto de 1974. Um trágico acidente de que foram protagonistas dois infelizes soldados da 3.ª Companhia do Batalhão de Caçadores 4612/72, que nas últimas horas na Guiné, após 22 meses de comissão, como acima referi, quando se encontravam junto da arrecadação de material de guerra, a fim de entregarem o armamento, nomeadamente as G3 e os respectivos carregadores.


Tinha sido dada ordem para desmontar, limpar e montar as G3, e limpar e esvaziar de balas os carregadores, entregando-os para inspecção a dois furriéis milicianos da companhia: um acompanhava as limpezas do equipamento e o outro, juntamente com um 1.º cabo, sentados num banco, verificavam se tudo estava em boas condições. À frente deles alinhava-se o restante pessoal.


Para quem não sabe, a inspecção de uma G3 para entrega, na rotina habitual, obrigava a fazer quatro operações: retirar o carregador, puxar a culatra atrás – para retirar qualquer bala da câmara –, destravar a culatra para a frente e efectuar uma gatilhada em seco para o ar.


No entanto, um dos soldados inadvertidamente entregou a G3 com o carregador ainda municiado e o 1.º cabo, que fazia o teste às armas, não reparou neste terrível facto e procedeu às manobras com a culatra. Quando ia premir o gatilho, o furriel que observava os seus movimentos, ao se aperceber da entrada de uma bala na câmara, instintiva e desesperadamente, deitou a mão à arma no sentido de impedir o disparo, mas, infelizmente, já não foi a tempo e a arma disparou.


Como os soldados estavam de pé, a bala, na trajectória de baixo para cima, atingiu o soldado que estava mais próximo, e que tinha acabado de entregar a G3 com munições no carregador, atravessando-lhe a anca; passou muito rente à parte de trás do pescoço do segundo militar da fila e perfurou o crânio do terceiro na parte frontal. Enquanto o segundo soldado agradecia a Deus a sua sorte, os dois feridos com bastante gravidade, foram de imediato assistidos por primeiros-socorros, já que a enfermaria ficava logo ao lado da arrecadação e, passados uns minutos, surgiu um helicóptero que os transportou para o Hospital Militar de Bissau. Mais tarde soube-se que o último deles faleceu em 18 de Outubro de 1974, seis meses depois do 25 de Abril, já em Portugal, no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa. Assim, sucumbiu o último soldado português da martirizante e fatídica guerra da Guiné.


Com a Revolução de 25 de Abril foi determinado o fim da Guerra do Ultramar e, em 9 de Setembro de 1974, foi concedida a independência à Guiné-Bissau e entregue o território ao PAIGC, numa cerimónia oficial que decorreu no quartel de Mansoa, bem como o já mencionado arriar da última Bandeira Nacional.


Estiveram presentes nesta cerimónia a Companhia de Comando e Serviços do Batalhão 4612/74, comandada pelo major Ramos de Campos, o comandante do batalhão, coronel António C. Varino; um bigrupo de combate do PAIGC, um grupo de pioneiros do mesmo partido, Ana Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e seu filho, o comissário político do PAIGC, Manual Nadinga, e, em representação do chefe do Estado-Maior do Exército do Comando Territorial Independente da Guiné (CEME do CTIG), o tenente-coronel Fonseca Cabrinha.


Estiveram também presentes uns largos milhares de nativos, de diversas etnias: papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, entre outras, encerrando os actos com cânticos festivos e vivas ao PAIGC, prestando entrevistas às dezenas de jornalistas de todo o Mundo, que ali acorreram. A Bandeira Nacional foi arriada por mim. Regressei a Portugal em fins de Outubro de 1974.


ENTRE ANGOLA E PORTUGAL COM PASSAGEM PELA GUINÉ


Chamo-me Eduardo José Magalhães Ribeiro, nasci a 27 de Março de 1952 na freguesia de S. Mamede de Infesta, em Matosinhos. Casei a 5 de Março de 1972, com Maria Fernanda Vieira da Mota, que me deu o melhor filho do Mundo, de nome Carlos Eduardo Mota Ribeiro, engenheiro mecânico. Terminada a tropa, regressei ao Porto, onde resido desde os quatro anos (os anteriores vivi-os em Angola), e retomei o meu trabalho de desenhador de máquinas, na firma Máquinas Frank, Lda. Trabalho em centrais hidroeléctricas há 29 anos, como técnico Principal de Manutenção, da empresa EDP – Energias de Portugal, no sector de Produção Hidráulica, Departamento de Manutenção Mecânica.

MANSOA HASTEAR DA BANDEIRA SETEMBRO 1974

Em Mansoa, a CCS entregou o aquartelamento ao P.A.I.G.C. e simbolicamente entregou também, o poder político e económico do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arrear da bandeira Portuguesa, com cerimónia oficial e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau, surgindo assim uma nova nação africana.


MANSOA, 9 de Setembro de 1974

Com a revolução de 25 de Abril de 1974, foi dada como terminada aquela que foi designada como Guerra do Ultramar, que Portugal travava em África, nas três conhecidas frentes: Angola, Guiné e Moçambique.




Em 9 de Setembro de 1974, com a independência da Guiné-Bissau, foi entregue o território ao P.A.I.G.C., numa cerimónia oficial que decorreu no quartel de Mansoa.


Estiveram presentes nessa cerimónia; a CCS do Batalhão 4612/74 comandada pelo Major Ramos de Campos, o CMDT do mesmo Batalhão, Cor. António C. Varino, um bi-grupo de combate, uma secção de pioneiros, Ana Maria Cabral [viúva de Amílcar Cabral], o comissário político do P.A.I.G.C. - Manual Nadinga e em representação do C.E.M.E. do C.T.I.G. - Ten. Cor. Fonseca Cabrinha.


À cerimónia compareceram ainda uns largos milhares de populaçao locais, e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo.


A bandeira foi arreada pelo Furriel Miliciano de Operações Especiais - Eduardo José Magalhães Ribeiro.

6/27/2010

MISSÃO SANTO BENEDITO E IMACULADA DE CONCEIÇÃO

Realizou – se em 3 de Maio de 1948, a cerimonia do lançamento da primeira pedra da futura capela de Santa Ana. Ao acto assistiu o Perfeito Apostólico «Monsenhor J. Magalhães foi ele quem procedeu a bênção da lápida com todas as exigências do ritual, depois convidou Sua Excelência então, o governador da Guiné, Comandante Sarmento Rodrigues, a fazer o lançamento da primeira pedra.



Em 5 de Abril de 1949, foi aberto solenemente ao culto a Nova Igreja de Santa Ana de Mansoa, melhoramento que se deve a iniciativa do senhor Comandante Sarmento Rodrigues, antigo Governador da Guiné. A cerimónia inaugural, foi presidido pelo Perfeito, Apostólico Padre Faustino Mendes superior de Missão de Bula, assistiram o encarregado do governo autoridades administrativas e muitos fiéis e foram baptizados 30 adultos, e 20 fizeram a primeira comunhão, há quem dá números diferentes 23 baptizados de adultos, 10 de crianças, 45 crismas, 28 primeira comunhões, (a Capela foi ampliada em 1959).


Em Agosto de 1954, o padre Júlio do Patrocino, por causa das chuvas, as deslocação Bula, para Bissorã e Mansoa constituem um problema, passou a residir permanentemente em Mansoa,


Em Maio de 1961 a missão Católica de Mansoa foi ocupada pelas tropas Portugueses, pavilhão acabada de construir em frente da residência missionaria e que era destinado aos alunos de 3ª e 4ª classe.


No finais do mês de Janeiro de 1963. O Padre Amândio Neto, na qualidade de encarregado da Prefeitura Apostólica, entregou resto dos edifícios missionária, para se instalar os oficiais e sargentos. E recebeu nova residência missionária e novas salas de aula para a escola não fechar.


A 16 de Julho de 1963, o Comandante militar pedia « a titulo precária e urgente» a cedência da escola Missionaria de Mansoa para alojamento de pessoal militar. O Perfeito Apostólico cede, mas ou mesmo tempo pede para não ultrapassar a sua ocupação o dia 20 de Setembro do mesmo ano, por causa do novo ano escolar. Na realidade, porem, só será entregue nos primeiros meses do ano lectivo de 1966-67 e apenas os dois salões principais, ligados à residência Missionaria.


A 27 de Setembro a Missão foi restituído oficialmente, mas ainda com as obras de restaura por acabar e imperfeitas. Só seria habitada de novo pelo Padre Patrocínio após de seu regresso deferias, em 19 de Janeiro de 1969.


Durante o longo período da ocupação, o Padre Patrocínio, residia na casa destinada ao Secretario da Administração, e a escola, durante três anos funcionou de alguma forma, em condições bastante precárias. Também em salas cedidas pela Administração.

MANSOA-HISTÓRIA COLONIAL

Mansoa é talvez a vila da Guiné Bissau que mais traços conserva da secular presença Portuguesa É bem verdade que se tem diluído através dos tempos, mas algo ainda sobrou
Todavia ficou uma obra de arte de menção, o Ponte, situada na estrada que liga Mansoa Bissau e a residência para o Administrador.
Enquanto que o monumento em calcário que foi erguido ao memoria navegador Diogo Gomes e o padrão comemorativo do 5º Centenário dos Descobrimentos, estes foram destruídos após a 25 de Abril.

Estava-se no ano de 1913, quando o capitão Antas, foi o primeiro comandante de exército Português, que desembarcou em Mansoa a frente de três dezenas e meia de homens, fez a derrube das árvores limpou o terreno para a construção daquele que foi o primeiro Quartel militar, o local por ele escolhido na altura é onde actualmente encontra o prédio pertencente «Armazém do Povo”
(antigo Casa Gouveia).
Dois anos depois isto é 1915, Administrador Ferreira Lacerda, iniciou a construção de 1º Ponte sobre rio Mansoa, era um Ponte de Cibe e ainda neste mesmo ano, Mansoa foi considerado 8ª (oitavo) Circunscrição.



Envolvidos sete anos (em 1922) O Administrador Gama Lobo, substitui Ferreira Lacerda, mandou construir um outro Ponte Nova e que foi concluída em 1924, recebeu o nome de «Velez caroço» neste mesmo ano foram construído o matadouro, 1º furo da Água e Mercado.


Com a chegada de Administrador Jacinto Medina, em 1927 sob sua batuta mandou construir residência para oficias.


Mais tarde Jacinto Medina, venha ser substituído pelo seu compatriota, Alberto Gomes Pimentel com este Administrador Cidade de Mansoa alcançou vários progressos nomeadamente, Fundação de Clube de Futebol Os Balantas em 18 de Setembro, 1946, fez plano de urbanização, foi aberto várias ruas com passeios e ajardinamentos, mandou erguer o padrão comemorativo do 5º centenário da Descobrimento, um Novo Furo de Água, aberto a escola. Durante a época seca de ano de 1966-67 foi construído o quartel de Mansoa, e no dia 4 de Abril de 1968 as obras de restauração da residência missionária foram concluídas, executado pelo exército Português.

MANSOA - OIO